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Carta: Gilmar, o ministro-empresário

André Barrocal ainda vai sofrer um HC por excesso de credibilidade
publicado 25/11/2016
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Reprodução: Carta Capital

O Conversa Afiada reproduz de artigo de André Barrocal, na edição desta semana da Carta Capital:

Os 20 mil habitantes da mato-grossense Diamantino podem se orgulhar. Um filho da terra é hoje a figura mais influente do Brasil. À frente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes controla o destino do presidente Michel Temer, alvo de um processo de cassação na ação contra a chapa que elegeu Dilma Rousseff em 2014. No Supremo Tribunal Federal, comanda a turma encarregada de julgar uma caterva de parlamentares enrolados na Operação Lava Jato. Ou seja, o ministro é um daqueles que têm nas mãos o destino do Executivo e de parte do Legislativo.

(...)

Por trás da poderosa capa preta de togado, Mendes cultiva uma verve empreendedora digna dos bandeirantes fundadores de Diamantino, capaz de torná-lo uma espécie de juiz-empresário, para usar uma expressão corrente em certos círculos de Brasília. O ministro é sócio de quatro empresas.

(...)

Passados alguns meses, iniciou-se no Mato Grosso uma operação que resultaria na transferência de 7,7 milhões de reais dos cofres estaduais à família do ministro. No centro da história, a Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas de Diamantino, chamada de Uned. A instituição foi criada no fim dos anos 1990, segundo informou o próprio Mendes em 2002 durante a sabatina no Senado que aprovou sua nomeação para o STF. No início, o magistrado possuía um sócio, o fazendeiro Marco Antonio Tozati, “quase que de favor”, como dissera na sabatina. Mais tarde, a instituição seria transferida para Chico Mendes, seu irmão.

Em dezembro de 2012, o então governador do Mato Grosso, Silval Barbosa, do PMDB, propôs à Assembleia Legislativa alterar a Constituição local para ampliar o repasse financeiro à Universidade Estadual, Unemat. Com a injeção financeira, a entidade viria a encampar a faculdade da família Mendes. Em Brasília, há quem diga que, antes da encampação, o próprio ministro teria sondado interessados em comprar a Uned.
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