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Dias: a Bláblárina quer mesmo a Rede ?

O que ela tem na cabeça além de uma agenda "ambiental" ?
publicado 12/08/2013
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O ansioso blogueiro entrevistou, nessa segunda-feira (12), o jornalista Maurício Dias, responsável pela imperdível “Rosa dos Ventos”, na revista Carta Capital.

Esta semana, Dias trata da dificuldade de Marina Silva criar o partido REDE Sustentabilidade.

(Ele também assegura que o Ataulfo não vai botar as algemas do Gurgel no Dirceu)

Segundo Dias, a REDE tem hoje 842 mil assinaturas, mas só 174 mil delas foram devidamente certificadas.

A REDE tem até o dia 3 de outubro para finalizar o processo de criação do partido no Tribunal Superior Eleitoral – clique aqui para ler sobre “pressão”que sobre ele foi exercido -  a tempo de participar das eleições do ano que vem.

Dias lembra que, o TSE, historicamente, leva cerca de um mês para aprovar a criação de um partido.

Para que o TSE aprove o partido até 3 de outubro, a REDE teria apenas mais um mês para certificar quase 330 mil assinaturas e alcançar o número mínimo de 500 mil assinaturas com representação em  nove  estados.

A integra da entrevista em áudio e texto:


1 – PHA: Maurício, a situação é de fato quase impossível?

Maurício Dias: É, Paulo, é.

Porque ela levou um ano para certificar quase 170 mil assinaturas e agora precisa certificar 500 mil. Precisa ter 500 mil assinaturas, todas certinhas, todas certificadas.

Então ela tem mais um mês, se tanto, para certificar o restante.

Eu entrei na página do TSE, no histórico de formação dos partidos, e o mínimo de tempo que o TSE leva, desde que se oficializa o pedido de registro do partido, é no mínimo 30 dias para aprovar.

Tem sido assim: com o PMDB foi assim, e mais recententemente com PSD, do ex-prefeito Kassab, foram trinta e poucos dias.

E o partido tem de estar formalmente reconhecido até o dia 4 de outubro, porque tem de ser um ano antes da eleição.

Agora, além disso, a demora em garantir a oficialização afasta possíveis aliados.

Ninguém vai para um partido, saí de um partido e vai para outro que ainda não se formou oficialmente.

Se ela for candidata, formalizar o partido e for candidata, que tempo ela vai ter de televisão ?

O tempo da própria REDE – e nenhum dinheiro do fundo partidário.

Ou seja, a situação é extremamente difícil. A não ser que o TSE, em uma situação inédita, acelere para dar a ela o certificado antes de 30 dias.

Ao ir para o TSE, o processo tem que ter um relator,.

O relator manda para o Ministério Público; o Ministério Público leva não sei quantos dias para certificar tudo; ai, o MP devolve ao TSE que vai marcar uma sessão para reconhecer o partido.

Se você olhar o tempo que falta, você chega a dizer que é impossível isso acontecer.

2 – PHA: O que significa a certificação ?

Maurício Dias: O Tribunal Superior Eleitoral reconhece oficialmente a existência de um partido chamado ''REDE Sustentabilidade'' porque ele cumpriu todas as normas legais.

3 – PHA: E também implica em certificar a validade e a legitimidade de uma assinatura, de um aderente?

Maurício Dias: Quando o TSE reconhece é porque esse processo já foi superado. As assinaturas já foram conferidas.

Agora, existe o embargo político também. Um adversário político dela pode levantar suspeita quanto à assinatura de um homônimo meu, por exemplo: ''ah, Maurício Dias, esse não é o jornalista? Quem é este então?''

Isso tudo cria problema, cria dificuldades para que o partido se forme.

Mas uma questão que me inquieta é que eu não sinto a Marina com muita vontade de criar o partido.


4 – PHA: Ué, não?

Maurício Dias: Não. Porque se não, ela tinha acelerado isso. Ela tinha que ter criado um mecanismo para acelerar isso.

Eu não vejo a vontade, a garra dela em formalizar o partido. Ela desapareceu da mídia um pouco, e  isso, evidentemente, dificulta. Enfim, não é fácil, tem que ter 500 mil assinaturas, mas distribuídas em nove estados, pelo menos. Até a semana passada, isso estava certo em apenas 3 estados, faltavam seis.


5 – PHA: Mas ela tem 25% das intenções de voto segundo o Datafolha. Como se explica esse desinteresse em formar um partido e ser a candidata mais forte para enfrentar a presidenta Dilma Rousseff?

Maurício Dias: Aparentemente é isso. Ela é mais forte, mas se ela tiver o Partido, e não tiver o dinheiro – porque não se faz uma eleição sem dinheiro, e eu estou falando apenas do dinheiro legal. Não se faz uma campanha em uma sociedade de massa como a nossa sem dinheiro, sem avisar a um país do tamanho do nosso que tem mais uma candidata.

Agora, ela está se beneficiando, evidentemente, do efeito das manifestações populares. Mas, à medida em que ela cria um Partido, ai tem uma contradição com o movimento. Ela vai ter também - eu vou usar uma expressão - vai ter a ''mancha” de ter um partido, de ser uma política com partido - que é tudo o que foi recusado nas manifestações.


6 – PHA: Mas, você acha que ela teria condição de jogar fora 25% de intenções de voto? Ela não poderia sair pelo PV?


Maurício Dias: Paulo, falam isso, mas ela saiu do PV brigada com o PV, fazendo acusações contra o PV.

E o PV não é um partido puro. Tem problemas, vários políticos do PV já tiveram problemas.

Além de tudo, o presidente do PV é adversário dela. Eu não sei se ela tem condições de voltar ao PV.


7 – PHA: Você diz literalmente na Rosa dos Ventos desta semana: “Marina saiu do PV rompida com Penna. Dizem que Penna é um político flexível, capaz de recuar com certa facilidade, não se sabe porém, que tipo de facilidade”.


Maurício Dias: Pois é, dizem que ele é um cara dobrável, é um cara capaz de conversar, capaz de fazer acordos, e isso pode facilitar o retorno dela.

Ela tem apoios poderosos, não necessariamente no mundo político, mas no mundo econômico, ela tem muitos apoios.

Agora, vou fazer uma especulação: Marina cria um partido, suponhamos – ao contrário do que todas as pesquisas dizem, porque na pesquisa do Datafolha ela perde para Dilma no segundo turno. Quando põe o Lula todos eles tomam um banho. Mas, uma hipótese que eu já nem acho provável - mas suponhamos, ela ganha a eleição. Com que base partidária ela vai governar?

Que propostas nós conhecemos da Marina, além da questão ambiental?

Ela não tem a chamada musculatura política. Então, na hora, as pessoas votam nela um pouco desiludidas com a política e tal. Mas, na hora de a onça beber água, no dia da eleição, as pessoas começam a fazer o questionamento, que é a inexistência de uma rede de apoio político a ela.

Se ela ganha, ela vai ter que fazer os acordos que todo mundo faz para governar. Ninguém governa só com a esquerda, só com os verdes. 

Clique aqui e ouça a entrevista.

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Mauricio-Dias.mp3 por redacao — última modificação 12/08/2013 13h46