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Edson enfrenta o Globo no Jardim Botânico

"As referências a mim e minha conduta têm sido, repetidamente, ofensivas e inverídicas."
publicado 25/08/2012
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No Globo deste sábado, na página 21, lê-se a noticia (já tendenciosa no titulo): "Ocupação (sic) no Horto derruba presidente do Jardim Botânico".

A lado, num "ponto final", colona (*) global faz o back vocal:

"Todo homem merece moradia digna (Viva ! - Como são generosos os filhos do Roberto Marinho - eles não tem nome próprio - PHA), mas não dentro do Jardim Botânico. Só que beira a desonestidade a tese de alguns defensores do ocupantes (sic) e invasores (sic) do Jardim Botânico. de que se trata de uma luta ideologica, uma espécie de luta de classes. As cerca de 6.500 espécies vegetais (algumas ameaçadas de extinção) estarão ali a serviço da Humanidade (sic) e não da mais-valia (sic). Como todo o respeito."

A próposito, o deputado federal Edson Santos, do PT do Rio, já tinha enviada à supra-citada botânica colona (*) uma carta:

Carta aberta ao colunista Ancelmo Gois


A liberdade de se expressar não deve ser tomada como pretexto para livremente caluniar


Respeito imensamente a imprensa e seu papel em nossa sociedade. Da mesma forma, espero ser respeitado como cidadão e homem público. As opiniões externadas em coluna assinada merecem toda a consideração. Infelizmente, no entanto, em relação à disputa fundiária no bairro do Horto Florestal, as referências a mim e minha conduta têm sido, repetidamente, ofensivas e inverídicas.


Quando em 2010 a Coluna do Ancelmo publicou pela primeira vez que eu “agia em causa própria” na questão, entrei em contato por telefone e o convidei a conhecer in loco o ponto de vista das pessoas que moram no Horto. Caso tivesse aceitado, hoje você poderia escrever com mais propriedade sobre o assunto.


Saberia, por exemplo, que as famílias do Horto não são “invasoras” ou “ilegais”, pois o núcleo inicial da comunidade é anterior à criação do Jardim Botânico. Tomaria ainda ciência de que a partir da criação em 1808 do Real Horto, atualmente conhecido como Instituto de Pesquisa Jardim Botânico, várias gerações de famílias de funcionários foram convidadas a morar nas proximidades com autorização formal e informal de sucessivas administrações do Jardim Botânico e do Ministério da Agricultura, instância de poder a qual o IPJB esteve subordinado durante muitos anos. Poderia ainda descobrir que os próprios limites do IPJB nunca foram demarcados, e que, pelo menos desde a década de 1960, a comunidade não se expandiu em nenhum centímetro na direção da área de visitação da instituição.


Em nota mais recente, publicada neste mesmo agosto, novamente sem conferir as informações ou ouvir os dois lados, o senhor voltou a reduzir minha participação no ministério do presidente Lula, da qual tanto me orgulho, a uma mera atuação “em causa própria” pela não remoção da comunidade do Horto. Respeitosamente, tive o cuidado de lhe escrever longa carta na qual primeiro demonstrei com dados concretos que durante minha permanência no governo, no período em que estive à frente da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), estive envolvido na conquista de avanços importantes para a superação do racismo e das desigualdades raciais em nosso país. E que, de forma alguma, coloquei interesses pessoais acima da missão que me foi confiada pelo presidente Lula ou utilizei as prerrogativas do cargo para agir em causa própria.


Na sequência da carta, ao tratar da questão específica do Horto, procurei fazê-lo ver que, a fim de desqualificar minha presença na discussão, aqueles que defendem a remoção da comunidade, incluindo uma candidata a prefeito e o atual diretor do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico, tentam transmitir aos cariocas a ideia de que meu mandato é o único obstáculo à retirada dos moradores pobres daquela região. Uma tese mentirosa, que não reconhece a longa trajetória de luta dos moradores do Horto pela preservação da localidade. Nos difíceis anos da ditadura militar, por exemplo, eles se mobilizaram para impediram que o BNH construísse um enorme conjunto habitacional na área. Ainda na década de 1960, as mesmas lideranças conseguiram bloquear a tentativa do então governador Carlos Lacerda de criar um cemitério no local. E nunca houve no Horto, graças a uma forte noção de pertencimento e coletividade de seus moradores, nada parecido com a realidade de violência que marcou a trajetória da maioria das comunidades populares localizadas na Zona Sul da cidade até o advento das UPPs.


Não contávamos com qualquer tipo de retificação do que fora publicado. Mas acreditávamos que talvez, ao oferecer informações que até então você e sua equipe provavelmente desconheciam, poderíamos esperar uma “cobertura” mais equilibrada sobre o assunto a partir de então. Mas em resposta a nossa carta e às nossas tentativas de contato, no entanto, só recebemos, além do sinal de ocupado no outro lado da linha, a publicação de um novo conjunto de notas que, por meio de uma sinuosa linha de argumentação afirma, de forma ridícula, que eu estaria a serviço do “lobby imobiliário”. Baseado em que é possível afirmar isso?


A liberdade de se expressar não deve ser tomada como pretexto para livremente caluniar. Respeito as opiniões diferentes da minha. Mas é extremamente desrespeitoso e desonesto insinuar uma associação entre meu Mandato e a especulação imobiliária. Os leitores mais atentos de O Globo já tiveram, inclusive, a oportunidade de compreender qual é o verdadeiro jogo que se desenrola por trás da disputa fundiária no Jardim Botânico. A matéria de capa da revista dominical do jornal que circulou em 12.08 mostra que área adjacente ao Horto, conhecida como Alto Jardim Botânico, se tornou uma das mais cobiçadas pelas construtoras. Já é a principal “fronteira” imobiliária da Zona Sul carioca, com o metro quadrado superando os R$ 20 mil e na qual os novos apartamentos chegam a ser vendidos por astronômicos R$ 7 milhões a banqueiros, industriais, socialites e artistas. Valores que provavelmente seriam ainda maiores caso este pessoal não tivesse que conviver com os moradores pobres do Horto logo ali ao lado. Não é uma contradição dizer que estou ligado ao “lobby imobiliário” quando é justamente esse lobby o que nós do Horto estamos enfrentando?


Muitos destes imóveis de alto padrão estão localizados em área de proteção ambiental e acima da chamada Cota 100, que impede a construção de imóveis em encostas em altitude superior a cem metros, habitada, segundo a revista, “por gente que curte a natureza”. Mas basta atravessar a Rua Lopes Quintas e chegar ao Horto para que os moradores não sejam mais considerados amantes da natureza, mas “invasores” e “ilegais”, conforme vem sendo registrado de forma recorrente em sua coluna.


Aproveito a oportunidade, para afirmar que de forma alguma deprecio a importância histórica e científica do IPJB, instituição de renome internacional, que tem um importante papel a cumprir para o desenvolvimento da pesquisa científica no Brasil. Mas não há qualquer contradição entre este reconhecimento e a defesa dos moradores da comunidade do Horto. Afinal, baseada em estudos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, a Secretaria de Patrimônio da União já constatou que é perfeitamente possível conciliar os interesses dos moradores com a expansão das atividades do Jardim Botânico e a preservação do meio ambiente na região. E é o que vai acontecer independentemente das mentiras publicadas em colunas de jornal.

Sem mais,

Deputado federal Edson Santos

(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta  costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse  pessoal aí.