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Trabalhadores terão acesso à Lava Jato

Por que só vaza para o PiG e de um lado só ?
publicado 28/11/2014
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O Conversa Afiada reproduz da Rede Brasil Atual:



FUP terá acesso a depoimento de Costa e quer espaço nas investigações

 

 

Entidade defende participação dos trabalhadores como fundamental para democratizar investigação, evitar vazamentos seletivos e proteger imagem da empresa e seu papel estratégico para o país

 

 

Rio de Janeiro – O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, confirmou hoje (27) à Rede Brasil Atual que a Justiça Federal do Paraná concordou com o pedido, feito pela entidade representativa dos trabalhadores, de acesso integral ao depoimento prestado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, no inquérito da Operação Lava Jato da Polícia Federal.

 


A FUP espera para segunda-feira (1º) a chegada das gravações com a íntegra do depoimento, enviadas pelo juiz Sérgio Moro da 2ª Vara Federal Criminal de Curitiba, e afirma que a participação dos trabalhadores é fundamental para democratizar a investigação e evitar os vazamentos seletivos que chegam à imprensa.

 


“O que tem sido passado para a opinião pública é que dentro da companhia tem uma grande quadrilha. A população não está fazendo a separação, até por conta do bombardeio que sofre diariamente da mídia. Estamos até agora falando de somente três pessoas que estão envolvidas. Essas três pessoas não podem ser confundidas com todo o corpo técnico da Petrobras, e a mídia não pode manchar a imagem de uma empresa que é orgulho não só dos trabalhadores, mas de todos os brasileiros”, diz Rangel.

 


Após conseguir da Justiça acesso ao depoimento de Costa, a FUP pede agora mais espaço nas investigações internas da Petrobras: “Entendendo que somos legítimos representantes dos trabalhadores – no momento em que a empresa está sendo atacada por desvios – nós queremos participar das comissões que foram criadas internamente para apurar não só as denúncias de Paulo Roberto Costa como também as denúncias sobre o suposto pagamento de propina a empregados da Petrobras pela empresa holandesa SBM”, diz Rangel.

 


A entidade também exige esclarecimentos sobre os vazamentos surgidos de dentro da própria Petrobras: “Há também aquele episódio no qual foi feita uma filmagem no edifício da empresa em Brasília e essa filmagem foi parar na Globo. Queremos saber por que até o momento ninguém foi responsabilizado por aquela filmagem e pelo posterior vazamento”, diz o sindicalista.

 


Reunião com Graça

 

A reivindicação por maior participação nas investigações internas foi levada pelos petroleiros à direção da Petrobras em uma reunião realizada na última sexta-feira (21) com a presença da presidenta da empresa, Graça Foster, e dos diretores da área corporativa, José Eduardo Dutra, e de produção, José Formigli.

 


Na ocasião, a FUP fez fortes críticas à conduta da direção da Petrobras na reação aos episódios recentes: “Tivemos uma reunião com a presidente em que fomos demonstrar a nossa preocupação com todos os ataques que vêm sendo feitos à empresa e também o fato de a Petrobras estar esse tempo todo em silêncio. A direção não está respondendo aos ataques que têm saído na mídia da mesma forma que fez em 2006, quando a empresa utilizou o blog Fatos & Dados para responder às acusações mentirosas que faziam na época. Levamos esses pontos à presidente Graça. A gente espera que em um curto espaço de tempo ela nos dê respostas”, diz Rangel.

 


Rangel confirmou também que, no dia 3 de dezembro, ele e o diretor João Antônio de Moraes prestarão depoimento na CPI da Petrobras: “O tema específico que estaremos tratando lá são as denúncias que fizemos sobre as plataformas que têm saído dos estaleiros sem condições ainda de operar. O foco estará na saúde e na segurança”, diz o coordenador da FUP. Ele, no entanto, ressalta que a oportunidade será aproveitada para os trabalhadores denunciarem no Congresso Nacional as condições inseguras de trabalho em diversas plataformas e também a terceirização de serviços essenciais: “A terceirização é uma porta de entrada para a corrupção”, prega a entidade.

 


Diretoria de governança

 

A FUP também critica a decisão da Petrobras de “terceirizar” a condução da nova diretoria de Governança, Risco e Conformidade: “Na avaliação da federação, esse é um grande equívoco da Petrobras e do governo, que tem a maioria no Conselho de Administração. Na nossa visão, o governo não pode abrir mão de ser governo. Ele tem que ter, sim, a prerrogativa de indicar os diretores. Por que só com essa diretoria será dessa forma? Por que você não contrata logo uma empresa de caça-talentos para escolher também as outras diretorias?”, provoca Rangel.

 


Não é hora, segundo a FUP, de a direção da Petrobras se curvar às pressões conservadoras para a nomeação do novo diretor: “Existem pessoas dentro da companhia que têm competência para desempenhar essa função. Há também pessoas de fora da companhia que o governo pode indicar, mas não pode ficar sujeito a alguém indicado por esse mercado conservador e reacionário e trazer pra dentro da companhia. Isso é um absurdo, e nós vamos lutar para que não se concretize”, diz o sindicalista.




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