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Mensalão: STF dá cheque em branco à elite

O “domínio do fato” jamais se aplicará à Privataria Tucana. Assim como o “ato de ofício” voltará a ser exigido quando o réu for o Eduardo Azeredo.
publicado 07/10/2012
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Se o Supremo confirmar a condenação do chamado “núcleo político” do mensalão (o do PT), a primeira consequência não será uma “reforma dos costumes”, como imagina o Farol de Alexandria, para quem o PSDB não precisa olhar o próprio rabo.

As inovações do Supremo no julgamento do PT são a exceção, como observa o professor Wanderley Guilherme.

Exceção não faz jurisprudência.

“Inovação” de um julgamento só não tem vida longa.

E no julgamento do mensalão do (PT), a jurisprudência se faz a cada réu.

O “domínio do fato” jamais se aplicará à Privataria Tucana.

Assim como o “ato de ofício” voltará a ser exigido quando o réu for o Eduardo Azeredo.

O dinheiro da CEMIG jamais foi público (não deixe de ler o Maurício Dias sobre a Visanet).

A Telebrás, como se sabe, era uma empresinha há muito tempo de uma mesma família, decadente, sucateada,  que se vendeu num leilão da Corte de Falências, para salvar os herdeiros da miséria.

“In dubio pro reu”.

No devido tempo, esse latinismo, por ora em desuso, voltará a subir a rampa do Supremo, para julgar o Azeredo.

O Banco do Brasil e a Caixa jamais irão à Globo buscar o “bônus por  volume”.

Essa “quimera” só vale para o “dinheiro público” da Visanet.

Parece que o Ministro Joaquim Barbosa lamentou, um dia, que o PiG (*) não dê bola para o mensalão tucano de Minas.

Sim.

E, por isso, não vai prosperar.

O mensalão tucano resultará na absolvição em massa dos tucanos.

As mesmas “alegações” e “deduções” que condenam petistas – pobres, pretos e p … - serão aplicadas para absolver tucanos e a elite que sublocou os tucanos.

“Flexível” pra lá, “flexível” pra cá.

O julgamento do mensalão do PT no Supremo tranquilizou a elite brasileira com muito mais profundidade do que os dois HCs Canguru que o Gilmar Dantas (**) deu ao Daniel Dantas.

Mais do que o tiro no peito do Vargas.

A única jurisprudência que se escreveu, até agora, no mensalão do PT,  foi essa: a Justiça no Brasil é para pobre, preto, p... e petista.

E branco de olho azul, membro da elite, só vai em cana se encostar no PT.

Se o Supremo foi capaz de inovar para pegar o PT, a elite “deduziu” - é o verbo da moda -  que o Supremo será capaz de inovar com a mesma elasticidade para poupar a elite.

As intervenções que rasgaram o centro nervoso da elite – a Privataria, a Satiagraha, a Castelo de Areia e o Eduardo Azeredo – jamais chegarão ao Supremo.

E, se chegarem, ali se confundirão com nuvens do Planalto Central.

E, se tiverem alguma utilidade, será irrigar o Lago Paranoá com uma chuva fina e passageira.

Para regar o jardim da Casa Grande.

Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Clique aqui para ver como eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele. E não é que o Noblat insiste em chamar Gilmar Mendes de Gilmar Dantas ? Aí, já não é ato falho: é perseguição, mesmo. Isso dá processo…